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Prosseguimento de impeachment de Witzel é aprovado por unanimidade

Prosseguimento de impeachment de Witzel é aprovado por unanimidade

Placar da sessão do Tribunal Misto foi de 10 a 0 para a continuidade do processo; Witzel deverá desocupar o Palácio Laranjeiras em 10 dias e também terá corte de um terço no salário

Rio – Foi aprovado por unanimidade o avanço do processo de impeachment contra o governador afastado Wilson Witzel (PSC). Todos os membros do Tribunal Especial Misto – cinco desembargadores e cinco deputados estaduais – votaram a favor da denúncia. Os votantes também decidiram que Witzel deve deixar, no prazo máximo de dez dias, o Palácio Laranjeiras, além de ter corte de um terço no salário.
O processo foi rápido, já que o relatório de 128 páginas não foi lido. O deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) foi quem deu o primeiro voto a favor do processo. Em seguida, os desembargadores José Carlos Maldonado de Carvalho, Fernando Foch, Teresa de Andrade Castro Neves, Inês da Trindade de Melo e Maria da Glória Bandeira de Mello, e os deputados Chico Machado (PSD), Carlos Macedo (Republicanos), Alexandre Freitas (Novo) e Dani Monteiro (PSOL) também votaram a favor. Antes das 13h, a votação já tinha maioria simples – os seis votos suficientes para a continuidade do processo.
Com a aprovação da denúncia, o relator terá dez dias para publicar o acórdão. Depois, a defesa de Witzel terá mais 20 dias para se manifestar. O sistema ainda prevê depoimentos de testemunhas e alegações finais de defesa e de acusação, o que deve durar mais alguns meses. O impeachment pode ser concluído em janeiro. “Na tese de avanço, acreditamos que em janeiro nós possamos nos reunir para termos o julgamento final e definitivo. Salvo se houver perícia. Aí, não tenho como garantir. A prova pericial demanda mais tempo”, explicou Tavares.
Despejo do Palácio Laranjeiras gera debate
Além do prosseguimento do impeachment, outros aspectos relacionados ao futuro – e ao conforto – do governador afastado foram discutidos. A votação decidiu que Witzel deve ser despejado do Palácio Laranjeiras e ter corte de um terço no salário. Os temas geraram debate. A defesa argumentou que a saída do palácio influencia na “segurança” do governador afastado.
“O que está se levando em consideração, pelo que eu entendi, é que, tendo em vista que ela (a denúncia) está sendo acolhida e ele está sendo afastado de suas funções, consequentemente ele não deve continuar ocupando o palácio”, defendeu o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Cláudio de Mello Tavares.
A defesa rebateu. “Senhor presidente, a defesa apenas pondera que o salário é reduzido em um terço e não em três terços. O palácio está sendo 100% suprimido, e a segurança está intrínseca ao palácio”. Tavares respondeu: “Mas é uma questão legal”.
Afastado desde agosto
O governador está afastado desde agosto pela suspeita de irregularidades na contratação da OS Iabas para a construção de hospitais de campanha contra a covid-19. O governador afastado também está sendo acusado de cometer crime de responsabilidade.
Witzel: ‘nem mesmo Jesus Cristo teve julgamento justo’
Logo após o fim da sessão, Wilson Witzel usou as redes sociais para se defender. O governador afastado acusou a ‘esquerda’ e ‘bolsonaristas extremistas’, e Witzel afirmou que “nem mesmo Jesus Cristo teve julgamento justo”.
“Enfrento mais este capítulo com a consciência tranquila. Trata-se de um processo político para me desgastar, especialmente pela esquerda e por bolsonaristas extremistas, mas tenho confiança de que deputados e desembargadores farão um julgamento justo para o bem da democracia”, escreveu Witzel no Twitter. “Venho sendo acusado, sem provas, a partir de uma denúncia frágil feita por criminosos confessos. Minha missão para com a população fluminense me dá força, coragem e fé para enfrentar o linchamento moral e político ao qual estou sendo submetido.
“Nem mesmo Jesus Cristo teve um julgamento justo, mas cumpriu seu propósito. Não tenho dúvida de que a verdade prevalecerá. Infelizmente, a política tem usado o processo penal e o impeachment para afastar aqueles que não conseguem derrotar nas urnas”.
Enfrento mais este capítulo com a consciência tranquila. Trata-se de um processo político para me desgastar, especialmente pela esquerda e por bolsonaristas extremistas, mas tenho confiança de que deputados e desembargadores farão um julgamento justo para o bem da democracia.
FONTE: O DIA online
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