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Por causa da violência, Correios anunciam taxa extra para entregas no Rio

Os Correios anunciaram nesta terça-feira (27) a criação de uma taxa extra para a entrega de encomendas no município do Rio de Janeiro. Segundo a empresa, os problemas relacionados à segurança pública no Rio chegaram a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias na capital sofreu “altíssimo impacto”. A empresa estabeleceu uma cobrança emergencial de R$ 3 para os envios destinados à cidade. A informação foi divulgada horas depois de militares do Exército terem anunciado as primeiras medidas da intervenção na segurança do estado.

A estatal disse ainda que a tarifa extra foi necessária para cobrir custos “de manutenção da integridade dos empregados, das encomendas e até das unidades dos Correios”. Segundo a empresa, a cobrança poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada.

No comunicado divulgado ontem, a empresa lembrou ainda que cobrança já é praticada por outras transportadoras brasileiras desde março do ano passado. Em 2017, o EXTRA revelou que a cada quatro horas um veículo dos Correios é alvo de assalto no estado do Rio. Em 2016 foram registrados 2.317 ocorrências de roubos de cargas envolvendo a empresa.

O aumento dos casos levou a empresa a desembolsar R$ 15 milhões para pagar a indenizações obtidas na Justiça após ações por responsabilidade civil serem movidas em virtude dos roubos. Os dados foram divulgados pelo delegado Marcelo Costa Prudente, da Polícia Federal, durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa, no ano passado.

Aumento de tarifa entre capitais

Os Correios anunciaram ainda que vão aplicar um reajuste médio de 8% nas tarifas do frete de encomendas para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual já a partir do dia 6 de março. A empresa não divulgou uma tabela de preços praticados no balcão para Sedex e outros serviços, e também não informou os percentuais de reajuste para outras localidades do país.

Segundo a estatal, trata-se de uma revisão anual de preços e a definição dos valores cobrados “é baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros”.

Impacto para venda online

De acordo com especialistas, os novos valores de frete vão atingir as transações realizadas no varejo online em todo país, incluindo pequenos e médios empreendedores. Para órgãos de defesa do consumidor, essa conta será repassada ao comprador de produtos eletrônicos.

— Esse movimento dos Correios é muito sério e, em alguma medida, o aumento será repassado ao consumidor final que faz compras pela internet. O que lamento é não haver mais competição no mercado de entregas. O que podemos dizer é que deve fortalecer o comércio local e a regionalização — avalia André Miceli, coordenador do MBA em Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Lojistas fazem campanha contra reajuste

O anúncio do aumento levou lojas virtuais a iniciarem uma campanha na tentativa de mobilizar seus clientes contra o reajuste. O Mercado Livre, por exemplo, diz que o ajuste impacta diretamente os pequenos e médios empreendedores, ressaltando que só na plataforma mais de 110 mil famílias têm as vendas como fonte de renda. O site comparou o custo do frete no Brasil com outros países onde também opera e diz que o serviço brasileiro é 42% mais caro do que o da Argentina, 160% mais caro do que no México e 282% mais caro do que na Colômbia.

FONTE: EXTRA.GLOBO.COM

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