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Governo do Rio e municípios farão cobrança integral do IPVA e do IPTU aos servidores sem salário

O governo do Rio não terá a compreensão que pediu aos servidores estaduais ao longo do ano — por conta dos atrasos nos pagamentos de salários — na hora de cobrar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O tributo, cujas guias começarão a ser emitidas na próxima quarta-feira, dia 11, não terá nenhuma forma de quitação diferenciada para os trabalhadores que vêm recebendo seus vencimentos a conta-gotas. De acordo com a Secretaria de Fazenda, não há qualquer discussão neste sentido.

— Antes (da crise), o dinheiro era pouco, mas sempre deu para pagar as contas. Agora, chega a bater um desespero vendo as faturas chegando, sem ter noção de quando o salário vai entrar na conta. O carro está parado há tempos. Estamos até pensando em vendê-lo. Como vamos pagar o IPVA? — perguntou Wanessa Camargo, de 40 anos, servidora da Fundação Cecierj.

Para piorar a situação, também chegará nos próximos dias a cobrança do Imposto sobre a Propriedade Predial Urbana (IPTU), que é municipal. A Prefeitura do Rio, por exemplo, informou que não há qualquer discussão sobre um eventual perdão de juros ou um parcelamento maior para os servidores estaduais, mas não descartou a possibilidade de discutir isso. Em cidades da Baixada Fluminense e da Região Metropolitana do Rio, não há esquemas especiais de cobrança.

— Passo o mês todo no cheque especial. Tenho a sorte de meu marido não ser servidor. Ele paga o IPVA. O IPTU, que vem incorporado ao aluguel, ficará mais pesado agora — disse Fernanda Novaes, de 39 anos, servidora do Centro de Tecnologia do Estado do Rio (Proderj).

O momento é de desolação.

— Triste é me dedicar, estudar, passar num concurso público e ter a vida posta de pernas para o ar. Estou grávida de cinco meses e não tenho cabeça para pensar no meu filho. Era para ser um momento tranquilo— desabafou Wanessa.

Receita sempre foi reservar abono para tributos

Enquanto os salários estavam em dia, os servidores já tinham um planejamento montado para o pagamento dos tributos de fim de ano. A receita sempre foi reservar boa parte do 13º salário para os pagamentos do IPTU e, principalmente, do IPVA.

— Eu sempre paguei o IPVA de forma integral, com parte do 13º salário. Hoje, não temos nem como pensar nisso. Ando com o carro em raros momentos, apenas quando necessário. Moro em Nova Iguaçu (na Baixada Fluminense) e não tenho ideia de como vou arcar com o IPTU municipal — lamentou a professora aposentada Denise Carvalho Moreira, de 58 anos, que passou 30 em sala de aula.

A também professora aposentada Maria Lúcia Carvalho, de 62 anos, tem outra preocupação:

— Não sei como vamos fazer a declaração de Imposto de Renda do que recebemos em 2016. Vou declarar aquilo que o Estado diz ter pago, o que está no meu contracheque. Espero que isso não me cause transtornos — disse.

Para Fabio Rabello, de 40 anos, servidor da Fundação Cecierj, o problema sobre o pagamento do IPVA é antigo:

— Completei dez anos como funcionário público em 2016 e não tive como pagar as contas. Não sei como vou pagar o IPVA de 2017, da mesma maneira que não encontrei formas de pagar o de 2016. Está atrasado e vai continuar assim. O carro está parado na garagem — disse ele.

FONTE: EXTRA.GLOBO.COM

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